Os naufrágios mexem com o imaginário do ser humano. Inúmeras são as histórias de viagens que terminaram com a embarcação no fundo do mar ou lago devido às batalhas, erros humanos ou devido a ação da natureza.
Nesse mês de julho foi encontrado no famoso Lago Michigan, nos Estados Unidos, o navio a vapor de 65,2 metros John V. Moran, que foi visto pela última vez navegando na noite de 9 de fevereiro de 1899 (imagem acima). O naufrágio ocorreu após ter o casco perfurado por placas de gelo enquanto navegada no lago quase congelado. O John V. Moran entregava uma remessa de farinha e produtos embalados de Milwaukee, na margem ocidental do grande lago, para Muskegon, que fica cerca de 90 milhas de distância, na costa oriental.
O Lago Michigan é um conhecido cemitério de navios com, segundo historiadores, cerca de 2 mil naufrágios. A maioria foi destruído pela ação do tempo, mas de acordo o Michigan Shipwreck Research Association (os responsáveis por encontrar o John V. Moran) o navio ainda está intacto em grande parte.
Apesar de ser construído com um casco reforçado com ferro, projetado especialmente para o trabalho de inverno, o navio foi superado pelas condições extremas que encontrou mais de 116 anos atrás. O comandante, John McLeod, despejou grande parte da carga para tentar mantê-lo à tona, mas como a água começou a verter através do buraco feito pelo gelo, ele começou a afundar.
McLeod e a tripulação de 24 pessoas tiveram uma decisão difícil para tomar: ficarem no navio e aguardarem o resgate ou abandonar a embarcação e, em botes de salva-vidas, enfrentar o gelo e tentar alcançar o navio mais próximo, o Naomi, que estava há três milhas de distância. Eles escolheram a segunda opção e foi relatado no momento que a temperatura estava cerca de – 30 graus Celsius. Felizmente, todos sobreviveram.
De acordo com relatos de jornais da época, na manhã seguinte, o John V. Moran ainda estava à tona. O Naomi, então, tentou rebocar o navio em direção a Muskegon, mas não foi possível.
No mês passado, uma equipe da MSRA localizou a embarcação durante uma busca por sonar. Devido a profundidade do naufrágio (cerca de 365 pés), o grupo decidiu esperar o verão antes de realizar um mergulho. Assim, em 8 de julho, pouco mais de 116 anos depois que o navio afundou, eles foi acessado novamente.
Craig Rich, co-diretor do MSRA, disse que o John V. Moran é um dos naufrágios mais bem preservados da região dos Grandes Lagos. “Não há um corrimão faltando. O mastro está de pé. As âncoras estão em posição. Há até mesmo vidro nas janelas. A única coisa que falta a partir deste naufrágio é a chaminé”.
*Fotos Michigan State Police