Os inversores são dispositivos que nos permitem usar as baterias 12 V ou 24 V a bordo para ligar equipamentos que funcionam em 110 V ou em 220 V, que normalmente teriam que ser ligados ao gerador ou à tomada de cais. Quantos de nós já não nos questionamos sobre a necessidade de instalar ou não um inversor a bordo? Vamos ajudá-lo a decidir esta questão.
1) Para instalar um inversor, precisamos ter um grande banco de baterias?
Uma regra simples é dimensionar o seu banco de baterias 12 V para 20% da capacidade do inversor em Watts, ou 10% se seu banco de baterias for de 24 V. Assim, para um inversor de 2500 Watts, necessitaríamos de cerca de 500 Ah em 12 V ou 250 Ah em 24 V. Lembre-se sempre que o melhor tipo de bateria para funcionar com um inversor são as baterias de Gel, seguidas pelas baterias de AGM. Para baterias automotivas convencionais, os bancos devem ser maiores, com mais baterias para evitar que estas sofram descargas profundas, o que reduz significativamente a vida deste tipo de bateria.
2) Uma vez instalado, o inversor consome muita potência para funcionar?
Bem, isso depende da eficiência do equipamento. Para ter essa informação, é preciso consultar as especificações do fabricante. O da Xantrex Freedom Marine, de 2500 Watts, por exemplo, tem uma eficiência de 85%. Isso significa que ele necessita 15% da energia fornecida na sua saída para poder funcionar. Assim, se ligarmos um micro-ondas de 1500 Watts a um inversor deste tipo, ligado a uma bateria de 12 V, estaremos consumindo 1500 W/12 V = 125 amperes da bateria, mais os 15% de energia que o inversor necessita para funcionar. No total, o consumo será de 125 x 1,15 = 143,75 amperes. Como o micro-ondas funciona por alguns minutos, não há grande sacrifício da capacidade do seu banco de baterias em Ah. Em 5 minutos, o total de Ah consumido das baterias seria de 12 Ah.
Um inversor com eficiência de 92% irá necessitar 11,25 Ah para poder funcionar o mesmo forno de micro-ondas do exemplo anterior. Essas pequenas diferenças, no uso do dia a dia, somam-se, e pode valer a pena buscar equipamentos com melhor eficiência. E lembre-se que quanto mais alta a eficiência, melhor será o aproveitamento do seu banco de baterias.
Outro fator que afeta o consumo é a capacidade de ficar em modo de “espera”, quando as cargas ligadas ao inversor não estão em uso. Alguns modelos de inversores ficam “invernando”, se as cargas ligadas a ele estiverem desligadas, e “acordam” ao sentir que uma delas foi ligada. Este consumo varia de 1 a 1,5 Watt, dependendo da marca e do modelo.
3) O que significa inversor de onda senoidal e inversor de onda senoidal modificada ou onda quadrada?
A rede elétrica gera uma corrente em forma de onda senoidal perfeita. Os inversores de última geração produzem uma onda assim, já os mais antigos tentam construir a senoide empilhando ondas quadradas. Somente a onda senoidal perfeita garante o bom funcionamento de seus equipamentos mais sensíveis.
4) Qual é a diferença prática entre usar inversores de onda senoidal e de onda não senoidal?
A diferença pode ser significativa, uma vez que todos os equipamentos foram projetados para trabalhar com forma de onda senoidal. A onda senoidal, por ser mais limpa, faz com que os equipamentos funcionem melhor, porém esta tecnologia tem seu preço e inversores de onda senoidal costumam ser mais caros. Formas de onda não senoidais podem causar efeitos negativos e fadigar alguns equipamentos a médio e curto prazo. Fornos de micro-ondas e alguns motores podem aquecer, funcionar incorretamente e de forma barulhenta. Aparelhos de televisão podem apresentar listas na imagem, aparelhos de som podem emitir zumbidos ou ruídos, computadores e impressoras podem apresentar problemas e alguns laptops podem simplesmente não funcionar.
5) Existe algum tipo de equipamento que não possa ser ligado a um inversor?
Você pode conectar praticamente qualquer equipamento ou eletrodoméstico a um inversor, com poucas exceções. Cargas com alto consumo podem drenar a carga das suas baterias rapidamente, e seu banco de baterias pode não ser grande o suficiente para manter esta carga ligada pelo tempo necessário. Isso se aplica a fogões ou fornos elétricos e aparelhos de ar-condicionado. Equipamentos com uso intermitente ou por pequenos intervalos de tempo, como pequenas máquinas de lavar pratos, secadoras ou uma boca elétrica de fogão pequena, podem ser usados via inversor, desde que o banco de bateria esteja bem dimensionado para este fim.
6) Podemos cozinhar usando o inversor?
Sim, é possível cozinhar usando o inversor. Para tanto, o banco de baterias deve ser razoavelmente grande e o inversor deve ser de, no mínimo, 2 KW. Se você quiser preparar um banquete, o gerador ou a tomada de cais deverão ser usados. Você deve considerar, também, que ligar o gerador para aquecer um prato, fritar um bife ou cozinhar um ovo é um desperdício danoso ao gerador, que não vai chegar nem mesmo a esquentar corretamente antes de ser desligado. Assim, uma boa solução é deixar apenas uma das bocas elétricas do seu fogão ligada ao inversor. Assim, se a ideia for fazer algo rápido, o gerador não precisará ser ligado.
7) É possível usar um pequeno aparelho de ar-condicionado pelo inversor?
Sim, é viável. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados. Aparelhos de ar-condicionado devem desligar seus compressores quando atingem a temperatura ajustada para o ambiente que deve ser refrigerado, portanto este ajuste deve ser feito de forma que o compressor funcione por algum tempo e desligue, mantendo a temperatura agradável, principalmente à noite, quando não há insolação. Para este tipo de aplicação, tanto o inversor como o banco de baterias devem estar muito bem dimensionados.
8) Existem versões que, além de inversor, também carregam as baterias?
Sim, e a grande vantagem deste tipo de equipamento é que ele normalmente possui grande capacidade de recarga, o que somente seria possível obter associando alguns carregadores de bateria em paralelo. Alguns destes equipamentos possuem ainda chaves de “by pass”, que permitem alimentar as cargas ligadas a eles através das baterias e automaticamente conectá-las ao gerador ou à tomada de cais, se estes estiverem presentes. A Mastervolt possui modelos com até 200 amperes de capacidade de carga que podem ser ligados em paralelo com a tomada de cais ou com o gerador para reforçar a oferta de energia em momentos de grande demanda.
9) Qual é o melhor lugar para instalar um inversor?
A primeira recomendação é instalar o inversor o mais próximo possível das baterias. Isso irá reduzir os custos de instalação e melhorar a performance. O importante é reduzir o comprimento e, consequentemente, a queda de tensão entre o inversor e as baterias. A seguir, deve ser considerado que inversores geram calor e precisam de ventilação para poder funcionar corretamente. Procure instalá-los em locais secos, longe dos porões, e principalmente bem ventilados.
10) É necessária alguma capacitação técnica para instalar um inversor?
Não, a princípio qualquer técnico que saiba ler o manual de instalação pode fazê-lo, porém deve-se tomar todo cuidado para que, em momento algum, o equipamento receba energia do gerador ou da tomada de cais pela sua saída. Esta é a causa mais comum de falhas nas instalações de inversores. Se for verdade que nada supera a experiência, não deixe que seu técnico aprenda seu ofício à custa do seu inversor.
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