Selo ambiental que atesta a qualidade ambiental, segurança, bem-estar, infraestruturas de apoio e informação aos usuários de praias, marítimas ou fluviais, ou marinas, o Programa Bandeira Azul concedeu a renovação da certificação da Marinas Nacionais. O hasteamento da Bandeira Azul referente à terceira temporada aconteceu no sábado, dia 5 de dezembro de 2015.
A cerimônia teve a participação da coordenadora do programa no Brasil, Leana Bernardi. “O hasteamento da bandeira simboliza o fim de uma etapa de trabalho e o início de outra etapa muito importante: a manutenção das adequações feitas para atender aos requisitos do programa e o planejamento de melhorias. Mas não deixa de ser um momento muito importante para celebrar a conquista”, destaca.
O sócio administrador da Marinas Nacionais, Juan Alfredo Rodriguez também comenta o empenho para manter a certificação. “As exigências são duras e requerem um esforço e empenho de todos os usuários da marina, sejam colaboradores, prestadores de serviços ou clientes.”
A Marinas Nacionais conquistou o posto de primeira marina do estado de São Paulo a obter o selo, após passar pela rigorosa avaliação do órgão no Brasil credenciado para realizar a auditoria das instalações, o Instituto Ambientes em Rede.
Após a avaliação, um júri nacional e outro internacional concedem o certificado emitido pela organização não governamental (ONG) Fundação para Educação Ambiental (em inglês, Foundation for Environmental Education – FEE).
Bandeira Azul Individual
Na cerimônia, também foi entregue a primeira Bandeira Azul Individual a uma embarcação. Ricardo Granero, proprietário da embarcação Baltas, uma Intermarine 53, recebeu a bandeira das mãos da coordenadora do Programa Bandeira Azul no Brasil, Leana Bernardi.
A certificação foi conquistada após o barco passar pela auditoria realizada pela responsável pelo setor de meio ambiente da Marinas Nacionais, Leila Pio dos Santos. “O proprietário da embarcação assina um termo de compromisso, onde se compromete em manter uma conduta ambiental e sustentável no barco, dentro e fora das dependências da marina.”
Entre as condutas que devem ser adotadas estão a coleta seletiva, tanto dentro quanto fora da embarcação, utilização de produtos biodegradáveis ou específicos para lavagem náutica e instalação de todos os equipamentos necessário para impedir que a embarcação polua as águas com produtos residuais.
Barco especial
A embarcação Baltas, uma Intermarine 53, possui duas soluções diferenciadas que o capitão de esporte recreio, Aluísio Matos, adaptou para economia de água e prevenção da poluição das águas.
A iniciativa ganhou o apoio do proprietário da embarcação, Ricardo Granero, diretor Alternativa Ambiental, empresa que atua na logística de coleta, tratamento e destinação de resíduos industriais, além de prestar orientação para adequações e obter licenciamentos junto aos órgãos de controle ambiental.
Um dos dispositivos serve para abastecer os tanques do barco com chuva. A ideia surgiu quando a Baltas estava ancorada no Saco do Céu, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, durante um passeio da família. “Os tanques estavam com metade da capacidade quando uma chuva de verão encheu o bote inflável do barco. Ao ver toda aquela água acumulada, eu não tive dúvidas, bombeei tudo para dentro do tanque pelo bocal do sistema original de abastecimento”, conta Aluísio que possui 22 anos de profissão.
Quando voltou da viagem, elaborou uma solução mais prática e definitiva. “A chuva escorre pelo parabrisa e proa até o ralo do passadiço. Ao lado dele, mandei fazer um orifício no casco e conectei uma mangueira com filtro de impureza e um registro à tubulação já existente”, explica. “Eu descarto os primeiros minutos para eliminar possíveis detritos e depois tampo o ralo para a água seguir para o orifício”. Como o armazenamento dos tanques não é para consumo humano, não há maiores problemas.
Poupando tempo e dinheiro
Pode parecer pouca economia mas significa mais tempo de lazer e óleo diesel no tanque. “Do Saco do Céu, em Angra dos Reis, até um ponto com água potável gasta meia hora”, calcula Aluísio. “Como o motor consome 200 litros de diesel por hora, a R$ 4,00 em média o litro, a ida e a volta saem por R$ 800,00.” Ainda evita a poluição atmosférica com emissão de gases do motor no trajeto.
Outro ganho é de tempo. “Fora o deslocamento e o trabalho de guardar tudo, são comuns filas para o atendimento nos postos durante a temporada.” Aluísio ressalta que não falta chuva na região de Angra, Ubatuba, Paraty e Ilhabela durante o verão.
Abastecimento sem vazamento
O proprietário Ricardo Granero conta que uma das preocupações da família foi a necessidade de proteger um bem comum, o mar. “Aproveitamos o barco como se fosse nossa casa”, conta. “Quando comprei esse novo barco, eu e o Aluísio começamos a pensar em como reduzir o impacto do uso sobre o meio ambiente. Afinal, odiamos encontrar lixo e manchas de óleo no mar”.
Um dos cuidados recorrentes é evitar o transbordamento de combustível durante o abastecimento, causando a contaminação das águas. Aluísio já tinha pensado em um dispositivo para evitar o problema no barco anterior, mas o espaço no porão do barco não era suficiente. “Adaptei ao respiro original do tanque um recipiente com 30 cm de altura e capacidade para 3,5 litros. A função dele é acumular o excesso e evitar que seja lançado para fora do barco pelo respiro. Depois o diesel volta por gravidade ao tanque”, conta.
Aluísio explica ainda que não existe chance de transbordamento da peça por estar em um nível mais alto do que o tanque. “Antes dele encher, transborda no bocal de abastecimento.”