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Coluna do Capitão: Animais a bordo

Eles são nossos melhores amigos e estão prontos para diversão. Aprenda como cuidar de seu pet a bordo na Coluna do Capitão.

Saudações navegadores, vamos conversar sobre animais em nossos barcos, principalmente os de estimação que hoje já fazem parte de muitas famílias em presença constante nas embarcações.

Sempre procuro correlacionar as relações antigas dos homens com os fatos e o momento atual. E como era essa relação com navegadores e animais em embarcações? Vai desde companhia, necessidades alimentares, transporte e até proteção contra pragas e ladrões a bordo.

O primeiro grande barco com animais, de forma figurativa e religiosa, sem sombra de dúvida foi a Arca de Noé, que na fuga de uma inundação em sua região colocou seus animais em uma embarcação e aguardou o dilúvio, mas antes disso já se transportava animais.

Nas viagens pelo mediterrâneo era intenso o comércio de animais, nas grandes navegações as aves e animais de pequeno e médio porte eram presentes para suprir de proteína animal os navegadores. No período das conquistas estavam presentes cavalos e bovinos nas novas terras além mar. Os vikings tinham seus cães guerreiros nas conquistas de terras.

No retorno aos seus portos, marinheiros traziam animais como souvenir, e os comandantes levavam presentes como símbolo de visitas a terras desconhecidas grandes felinos, aves e macacos, principalmente. Alguns comandantes tinham animais a bordo como companhia, hoje muitos navegadores solitários tem seus cães e gatos, outros tinham para utilizar como alerta pequenos cães, ou gatos para controle de roedores e baratas a bordo, enfim, motivos não faltavam para ter animais a bordo.

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Nos dias de hoje, como falei, já fazem parte de muitas famílias diversas espécies de animais, chamados atualmente de pets, quando não de meu “filhinho” ou “meu amigão”; com direito a todas regalias de um tripulante de honra; cama, hora do passeio, banho e utensílios de alimentação e recreação. Tudo bem, mas estamos tomando os devidos cuidados de segurança com eles, conosco e com as pessoas que irão ter contatos com esses pets? Vamos à reflexão!

Animais silvestres, como papagaios, o famoso do pirata, ou Louro José, só podem ser de criadouros oficiais, caso importados, e sempre com vias de importação e devidas guias de saúde, se for pego sem documentação na embarcação, o bichinho e proprietário estarão com grandes problemas. Não adianta dizer que comprou na feira de uma cidadezinha na costa brasileira, ou qualquer outro país, “porque o animalzinho estava sofrendo”, é cadeia por tráfico de animais.

Mas vamos aos nossos pets, especificamente cães e gatos. Esses animais quando saem de suas casas para a embarcação, não parece, mas sofrem estresse de adaptação, que claro com o tempo diminui para a maioria dos animais. Tentam sair da embarcação, emitindo sons, gatos pulam do barco na primeira abertura da caixa de viagem, alguns caem na água, estou falando aqui animais ainda não ambientados.

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Também temos o risco de adquirirem e transmitirem doenças, tanto aos seres humanos (zoonoses) como de, ou para, outros animais. Destaco aqui doenças que os cães podem adquirir, como verminoses, diriofilarioses, estão sendo umas das mais perigosas (um verme que da no coração que pode transmitir aos humanos através de pernilongos), carrapatos, berne, pulgas, sarnas, vírus da raiva, parasitas de sangue (leishimanisose), bactérias como a leptospirose e outras.

Através das fezes na areia podem contaminar o ser humano com o famoso bicho geográfico, quando não estão corretamente vermifugados. Lembro que em muitas praias é proibido por lei levar animais à areia.

E para eles (pets)? Os riscos nas embarcações são muitos, vamos destacar alguns. Claro que o primeiro é o afogamento, para isso temos coletes específicos para animais, inclusive com cabo guia. Assim como com crianças, devemos sempre estar atento a eles. Nos píeres ocorre o risco de queimaduras das patas. Observo sempre proprietários colocarem os chinelos para não queimarem os pés e saem andando com seus cães torrando as patas.

Nas praias cuidados com restos de animais e espinhos, além de plantas e animais que podem provocar perfurações e reações alérgicas. O excesso de água na pelagem, principalmente salgada pode provocar micoses e alergias de pele, além de infecção de ouvidos (otite).

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Vamos às dicas:

  • Cuidado ao chegar no barco no primeiro dia. O maior risco é dele tentar fugir e se acidentar. Acompanhe o reconhecimento do novo ambiente.
  • Tenha coletes para animais com cabo guia. Caso não possuam, utilizar coleira peitoral com cabo guia.
  • Hidrate-os muito. Eles sofrem mais com o calor que os humanos por terem temperatura corporal maior, principalmente animais de focinho curto. Dê-lhes uma ducha fresca em seus corpos evitando a cabeça e tose o animal.
  • Cuidado com píer, chão e areias quente. Coloque sempre as mãos e veja se você aguenta o calor e por quanto tempo, preferível sair cedinho para dar uma volta com ele.
  • Tenha caixas ou toalhas higiênicas para necessidades naturais. Durante a viagem ou ancoragem. Descarte corretamente.
  • Evite mudar horários e alimentação do animal.
  • Use filtro solar nas orelhas de animais de pele clara, e focinhos longos ou despigmentados, pode evitar um futuro câncer de pele. Sim, eles tem também.
  • Não os levem à areia sem saber se é permitido, caso seja, leve o famoso saquinho para coletar as fezes e não contaminar os humanos.
  • Evite contato com outros animais da região, podem estar portando doenças regionais.
  • Animais enjoam também, mantenha-os no meio do barco na parte mais central perto da água e arejado.
  • Faça medicação preventiva para parasitas externos e internos.
  • Dê as vacinas necessárias da espécie, não só contra raiva.
  • Porte toda documentação: dentro do estado, atestado médico veterinário e carteira de vacinação atualizada. Para viagens a outro estados, além dos documentos já citados, guia de transporte de animais em mãos, pode ser bloqueado em barreiras sanitárias e ir para quarentena. Viagens para outros países, guias internacionais de viagem, e ver a legislação local, alguns não deixam desembarcar, outros confiscam os animais, na maioria permitem, se tiverem tudo em ordem, circular no país.
  • Consulte sempre o médico veterinário do bichinho, para saber sobre doenças, medicamentos, vacinas, cuidados, atestados etc.

Todas essas dicas escrevo porque, além de skipper, sou Médico Veterinário, claro que hoje somente nas horas vagas quando o pessoal descobre.

Boas navegadas para vocês e seus bichinhos de estimação.

Por: Capitão Marco Antonio Ferrari Carneiro para Boat Shoppin

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