Óleo diesel é um combustível derivado do petróleo formado principalmente por hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio) e contém ainda enxofre, nitrogênio e oxigênio. É um produto inflamável, medianamente tóxico, volátil, límpido, isento de material em suspensão e com odor forte e característico.
Este combustível produz potência num motor ciclo diesel: quando na câmara de combustão a mistura ar/combustível inflama-se e a energia é liberada forçando os pistões para baixo e girando o virabrequim. Um combustível em boas condições queimaria completamente, sem deixar resíduo ou produtos da fumaça. Infelizmente, é difícil encontrar um combustível em perfeitas condições.
Existe, não por acaso, o óleo diesel náutico, que é obviamente o mais adequado para o uso em motores de barcos. O que o diferencia do diesel normal, usado em veículos automotores é que ele não possui a adição de 6% de biodiesel, que é feita pela distribuidora de combustível por determinação da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) a fim de aumentar o poder de lubrificação do combustível pela redução do enxofre e reduzir as emissões de monóxido de carbono e de hidrocarbonetos não queimados.
Isentar o diesel náutico do biodiesel tem um propósito. O diesel contém bactérias que, dependendo do tempo e das condições de armazenamento, podem se proliferar e produzir uma quantidade maior de resíduos, a conhecida “borra”. Este resíduo acumula-se no fundo do tanque e costuma entupir bicos e prejudicar todo o sistema de alimentação do motor, causando grandes estragos.
Tudo começa com a presença de água no diesel, que faz com que as bactérias comecem a se multiplicar e isto vira uma dor de cabeça. Seja puro ou aditivado com biodiesel, o diesel é higroscópico (absorve naturalmente a umidade do ar). Situação que é agravada dentro do tanque no ambiente náutico, aonde a umidade é extremamente alta e sujeita a grandes mudanças de temperatura. Por isso, é muito comum haver água nos tanques de diesel dos barcos. Os filtros de combustível fazem a separação para que o motor não receba a água. O problema é uma grande quantidade acumulada no tanque, pois esta água fica em suspensão no diesel e ela pode vir a ser aspirada e comprometer seriamente o funcionamento do motor.
Outro problema intrínseco ao óleo diesel é seu teor de enxofre, que facilita a formação de ácido sulfúrico (verniz de tom avermelhado) que contamina tanque, dutos, bicos injetores, bomba injetoras, causando sua corrosão e mau funcionamento. Fora isso, a emissão de gases provenientes deste diesel contaminado na atmosfera é uma das principais responsáveis pela chuva ácida.
Resumindo, o diesel que está no tanque do seu barco contaminado com água, forma “borra” e ácido sulfúrico, causando sérios problemas em diversos componentes do motor e seus periféricos. Os filtros ficarão saturados, não haverá o correto fluxo do combustível; a bomba injetora ficará desregulada e desgastada e os dutos que conduzem o óleo diesel ficarão parcialmente obstruídos. Nos bicos injetores, as falhas causadas pelas impurezas são tremendamente nocivas. Em função da precisão que hoje permeia esses equipamentos e a alta pressão na qual o diesel é submetido, a contaminação provoca um desgaste prematuro nestas peças que vão, sem dúvida, falhar em seu desempenho. O óleo diesel que deveria ser “pulverizado em névoa” passa a ser “esguichado” para dentro do motor.
Quando esse combustível entra no motor do seu barco de maneira inadequada não é queimado corretamente. Daí uma parte sai sob a forma de fumaça negra – contaminando o meio-ambiente – e a outra escorre pelo cilindro, contaminando o lubrificante, diminuindo sua eficiência e provocando desgastes nas camisas dos cilindros, anéis dos pistões, nos pistões e nas válvulas de admissão.
Este efeito nocivo gera consequências em cadeia que prejudicam todos os componentes do motor que são lubrificados, como bielas, virabrequim e tuchos, implicando em perda de potência e gastos excessivos com manutenção e consumo.
Como proteger seu motor
Por muito tempo, o abastecimento dos combustíveis, dos lubrificantes, filtros e também os líquidos de arrefecimento, não foram encarados como deveriam. Com o advento de motores mais modernos e também em função do alto custo do combustível, toda a operação que envolve o um motor a diesel em um barco exige muito mais atenção e cuidados, tanto na utilização e quanto na manutenção.
A contaminação do diesel pode se dar antes mesmo dele chegar até o consumidor final em reservatórios, em postos de abastecimentos e até mesmo nos caminhões tanque que não são apropriados para trabalhar com o diesel de uso náutico, que não sofrem a devida manutenção ou que contém resíduos. E também pela oxidação que o diesel sofre naturalmente com o tempo, perdendo suas melhores propriedades. Portanto, opte por abastecer sempre com diesel náutico de um posto de confiança, que atendem muitos usuários. Jamais use diesel automotivo no barco.
Na manutenção, comece por verificar a quantas anda combustível no tanque do seu barco. Como não se tem acesso visual ao interior do tanque, fica muito difícil o diagnóstico de qualidade do óleo armazenado. O mais prático e confiável é verificar constantemente a qualidade do diesel que está no copo transparente do filtro separador. Ele exibe um reflexo do que está acontecendo dentro dos tanques. O óleo diesel comprometido apresenta invariavelmente uma coloração turva e escura, com fungos, algas e bactérias que deterioram as propriedades do diesel.
Quando chegar ao ponto de se verificar isso no copo é aconselhável que seja feita a revitalização do combustível armazenado. O processo é rápido, realizado com equipamentos específicos em conjunto com a aplicação de um otimizador de combustível para diesel náutico. O otimizador é um produto, hoje, de uso praticamente imprescindível, pois corrige boa parte dos “problemas”. Ao usar a proporção certa deste produto, com a quantidade de óleo adicionada no tanque a cada abastecimento, o diesel do barco terá menos absorção de água, maior capacidade de dissolução da “borra” e otimização do seu poder energético, além de evitar a formação de novas contaminações e de preservar as características químicas do combustível por longos períodos de armazenagem.
Após o tratamento com o otimizador, o filtro separador irá manter a sua função de filtragem e separação de água por períodos mais longos. Por ser uma característica natural do diesel, quando os níveis de acúmulo de água “limpa” (sem contaminantes) é verificado, basta drenar a água acumulada no fundo do tanque semanalmente, após o procedimento padrão de acionamento dos motores.
Se mesmo assim você não está convencido de que o combustível que você usa e como você cuida dele é importante para a saúde do motor do seu barco, converse com quem abastece o barco corretamente, utiliza os otimizadores e realiza manutenção periódica nos motores. Eles navegam tranquilos, sem sustos e a custos infinitamente menores.