Pensando em acontecimentos recentes nos litorais de São Paulo e Rio de Janeiro, e até mesmo no exterior, é muito importante avaliar muito bem a marina antes de escolher uma para colocar seu barco.
Gostaria primeiramente, antes de entrar na questão dos fatos que influenciam na escolha de uma marina, lembrar que:
1) Marinas são empresas prestadoras de serviços e como tal foram criadas para dar lucro.
2) Marinas não são somente estacionamentos de embarcações.
Com isso em mente, depois de adquirirmos a embarcação dos sonhos, talvez seja melhor definirmos quais as reais necessidades para que possamos escolher a melhor marina para o nosso tipo de barco e o tipo de uso a ser dado.
Em geral, os clientes de uma marina estão divididos em duas categorias bem simples: Aqueles que apenas usam a embarcação no dia, saindo de manhã e retornando à tarde (a grande maioria) e os outros que passam alguns dias fora, por exemplo saindo na sexta à noite ou sábado de manhã e retornando no domingo. Pensando neste aspecto é totalmente compreensível que cada categoria terá uma exigência por serviços totalmente diferentes uma da outra.
Em geral, a maioria dos proprietários de embarcações na hora da escolha de uma marina levam em conta o detalhe de posicionamento geográfico, que por razões óbvias conta muitos pontos e a questão da disponibilidade de combustível que também está na linha de frente. Depois de serem analisados estes dois itens, para a maioria a decisão será tomada. É justamente aqui que entram alguns detalhes que podem mudar significativamente a escolha.
Por acreditar que a maioria dos proprietários são apaixonados pelo próprio barco e por barcos de uma maneira geral (confesso que me encaixo nesse grupo também), tenho em mente que a primeira preocupação que deveríamos levar em conta era se a marina prospectada como candidata tem uma apólice de seguro que esteja devidamente ajustada à operação a que se dispõe. Um seguro de incêndio e de responsabilidade civil é o mínimo que se deve exigir àquele que irá salvaguardar o seu “bem”… Sem trocadilhos.
O ideal é sabermos os valores cobertos na apólice para que tenhamos uma ideia da proteção que poderemos ter num imprevisto. A marina que se propõe trabalhar com embarcações de luxo e, portanto, de altíssimo valor deverá ter um seguro na proporção.
Após este importante detalhe, que tal olhar para o pátio de manobras? Os equipamentos de transporte das embarcações, tais como travel lifts, fork lifts, tratores, guinchos e guindastes estão de acordo com o perfil da embarcação? Existem equipamentos para o combate a incêndio? Tente entender o que se passa ali.
Já tive a oportunidade de estar em algumas marinas onde a “bagunça” a céu aberto era tanta que sinceramente fiquei com a plena noção de que se pedisse para descerem qualquer embarcação de que tamanho fosse, a mesma ficaria presa na “teia da desorganização” por pelo menos uma hora. No mínimo é um cartão de visitas não muito agradável que nos leva a pensar que se o pátio é assim como não deverá ser o resto. É melhor fugir dessa.
Outro detalhe importante e que muitas vezes é relegado a segundo plano é a quantidade e qualidade da água doce disponível, não só para adoçarmos os motores mas também para o consumo dentro das embarcações (não para beber, para isso leve garrafas de água mineral). Água salobra ou disponibilizada com muito sedimento é preocupante não só falando tecnicamente mas também do ponto de vista sanitário.
Quanto à área de guarda no seco, verifique as condições da rampa e se for esse o único acesso para a colocação e retirada das embarcações procure saber se mesma poderá ser usada mesmo em condições de marés extremamente baixas. Com relação ao espaço de manobra disponível para a sua embarcação tenha em mente que pequenas batidas costumam ocorrer e geralmente ninguém sabe quem foi. Verifique se o espaço da sua vaga é suficiente.
Mudando agora para a área de atracação, caso a embarcação fique no píer flutuante, certifique-se do estado do mesmo e para aqueles que irão conectar a energia elétrica da marina no barco (shore power), verifiquem o estado da fiação e conexões. É de extrema importância que o “terra” esteja disponibilizado corretamente e que a voltagem seja a mais regular possível. No caso de embarcações deixadas em poitas, procure saber se a mesma está adequada ao tamanho do seu barco e qual a disponibilidade de transporte que a marina oferece para o deslocamento marina/barco e vice versa.
Existem muitos outros detalhes que poderíamos relatar e que influenciam bastante nos diferenciais entre marinas, como por exemplo segurança/vigilância mas acredito que os mencionados acima já dão uma base sólida para a tomada de decisão.
As instalações ditas sociais da marina serão levadas em conta conforme o perfil de uso do cliente, assim como a existência ou não de suporte técnico.
Conforme citei no início do texto, marinas são empresas que buscam lucro e não são somente estacionamentos de barcos. As mesmas procuram se diferenciar umas das outras justamente pelo tipo e qualidade do serviço oferecido, portanto exija que haja conformidade com o que está pagando e o que está recebendo em troca.
Texto: Pedro Simões
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