Que tal uma pescadinha?
Confesse: várias vezes em seus passeios de barco você adoraria jogar uma linha na água e dar uma pescadinha… Mas sempre se consolou com a ideia de que seria complicado e trabalhoso ter toda aquela tralha de pesca para carregar ou que talvez não tivesse o conhecimento de técnicas, do material adequado, dos tipos de iscas etc. Mas não apenas fácil como é possível ter um eficiente kit básico de pesca a bordo. Além de se divertir, quem sabe você não garante o almoço da galera!
Primeiramente, esqueça as desculpas e o monte de tabus para não pescar. É possível fazer uma ótima pescaria com material e técnica simples e eficazes, acessíveis a qualquer um, possíveis de se usar em qualquer tipo de barco de lazer. Mas lembre-se: sempre respeite a natureza e apenas capture espécies permitidas, que também devem estar dentro das medidas estipuladas, a pesca esportiva é um importante tentáculo da consciência ambiental.
A pesca embarcada é um esporte fantástico e muito praticado no Brasil devido à nossa costa privilegiada e às nossas imensas bacias hidrográficas. Não é possível estimar o número de praticantes, mas dá para garantir que a pesca é uma forma muito peculiar de se distrair junto à natureza. É claro que existem inúmeras técnicas e estilos de pesca no mar, mas o foco dessa matéria é a simplicidade. Assim, mostraremos algumas formas que exigem pouquíssimo trabalho do “pescador de lancha”.
Na costa
A pesca na costa marítima pode ser realizada de várias formas. Se o pescador utilizar iscas artificiais sob a forma de pequenos peixinhos de metal (Jig), ele deve arremessar próximo às pedras, esperar a isca afundar e recolher dando pequenos toques de ponta de vara para chamar atenção do peixe predador. Nesse tipo de pescaria é importante sempre sentir o fundo e trabalhar a isca próxima a ele (vale lembrar que essa isca também pode ser efetiva em outras profundidades além do fundo, tornando-a muito versátil).
Outra técnica é a pesca com iscas de meia água. Nada mais é do que pequenos peixes que possuem uma barbaleta na parte inferior da cabeça, com a função de executar um movimento de natação assim que forem recolhidas. Nessa modalidade, o pescador ancora o barco e arremessa a isca artificial continuamente em direção aos costões ou no meio dos parcéis e recolhendo em seguida.
Com isca natural ele deve usar o que se chama de “chicote”, que é uma série de pelo menos dois anzóis iscados com um chumbo de 40 a 100 gramas na ponta da linha para que ele fique parado no fundo do lugar escolhido. As iscas naturais podem ser o camarão, lula e filé de sardinha frescos. Uma variação desse tipo de pesca, com um chicote de cabo de aço que atravessa o corpo de uma sardinha inteira, com chumbos mais leves, entre 28 e 40 gramas, costumam atrair espécies mais predadoras, como espada, olhete, olho de boi, dourado, bicuda etc.
Existe outra modalidade em que você aproveita que o barco está em movimento em uma velocidade baixa para que ele naturalmente vá puxando a isca artificial atraindo o peixe maior. Essa pesca é chamada de corrico. Para este caso, existem diversas iscas artificiais para trabalhar em diferentes profundidades, para se adequar às características dos locais e dos hábitos dos peixes desejados. Não é complicado. Todas as boas iscas possuem a indicação na caixa da profundidade na qual trabalha, o estilo da isca e a velocidade em que o barco deve estar para atuar com precisão. O que pouco muda é que, em média, a isca deve trabalhar entre 15 e 20 metros do barco para melhor aproveitamento. Caso tenha maior interesse nesse tipo de pescaria, confira a publicação detalhada sobre corrico foi publicada na semana passada aqui
Você pode aproveitar os passeios que param em ilhas ou costões do litoral para pescar. Se o peixe fisgar, é só recolher e colocar para dentro do barco com um puçá. Nos passeios que exigem um deslocamento maior do barco, a melhor opção é pescar de corrico. Só é recomendado não fazer voltas ou trajetos que cruzem com a linha lançada. E ao se aproximar do ponto de parada, recolha a linha totalmente antes de o barco parar por completo. Use o suporte de vara para guardá-la e dê atenção aos procedimentos de atracagem normalmente. Se, por acaso, você fisgar algo, recolha a linha imediatamente, diminuindo gradativamente a velocidade do barco até o peixe se aproximar dele. Pare a embarcação e recolha-o com um puçá. Simples!
No meio do mar
Pesca no parcel em alto mar é uma modalidade muito produtiva devido à quantidade de cardumes que procuram esses lugares específicos para se alimentar. O parcel nada mais é do que um banco de areia ou um rochedo coberto pela água do mar ou rio, tendo ou não um recife em seu entorno. São habitat de muitos peixes que vivem entocados dentro das rochas e estruturas, e estão sempre à procura de uma presa fácil. Por isso, o melhor é ancorar o barco e usar a isca natural com chumbo ou uma artificial e recolher para ver se algum peixão “se interessa”. O pessoal a bordo não vai se importar em ficar por ali se você fisgar um peixe rápido, mas se passar meia-hora e nada, melhor recolher e deixar para pescar em outro momento. Lembre-se que o passeio é para ser um prazer. Boa pescaria!
Monte seu kit básico de pesca para ter sempre no barco:
1 – Vara
Uma vara coringa pode ser uma de 25 a 30 libras, de 6.6’ (1,98 metro) a 7.0’ (2,13 metros) de tamanho. O ideal é que ela seja desmontável em duas para guardá-la em um estojo fácil de acomodar no barco. Aproveite também para comprar um suporte para a vara daqueles que se prendem ao guarda-mancebo.
2 – Molinete
O molinete deve ter capacidade de armazenamento de 100 metros de linha 0,40 mm ou linha de multifilamento 35 a 40 libras. O ideal é ele ser blindado, para evitar que sofra com a corrosão na falta de uso constante.
3 – Anzóis e iscas artificiais
Os chicotes com anzóis são muito comuns, inclusive você pode adquirir um já montado. Os anzóis precisam ser do tipo Maruseigo, do número 16 a 18. O chicote de cabo de aço é em tamanho padrão. Já as iscas, como dissemos, dependem muito do tipo de pesca que você gosta, mas um parâmetro é o Rapala X-rap, que é um peixinho de ABS para profundidade de 3 a 4 metros.
4 – Puçá
É apenas uma vara longa com uma rede na ponta, parecida com aquelas peneiras para tirar as folhas da piscina. As lojas têm de diversos tamanhos, mas é recomendável que seja desmontável e a haste suficientemente grande para o tamanho do costado do seu barco.
5 – Alicates
Um alicate de contenção para pegar os peixes e um alicate de ponta fina para retirar os anzóis.