Depois de dois dias intensos na travessia de Recife para Fernando de Noronha, chega ao final a 31ª Refeno! Nós tivemos o privilégio de acompanhar tudo de perto a bordo do veleiro Planckton, um veleiro de alumínio de 43 pés.
A largada do primeiro grupo de veleiros aconteceu às 12h do dia 12 de outubro, partindo de Recife rumo à Fernando de Noronha e durante os primeiros 30 minutos de regata o veleiro em que estávamos a bordo, o Planckton, liderou a prova até sermos ultrapassados pelo veleiro Endurance, favorito da classe Alumínio.
A princípio a navegação foi tranquila, mas à medida que fomos para mar aberto as ondas começaram a aumentar, chegando à cerca de 2 à 2,5 metros, o vento ficou em torno de 17 a 20 nós, e nós navegamos à cerca de 6 a 7 nós, chegando a 9 e 10 em alguns momentos. Ao longo do trajeto ouvimos no rádio que diversos veleiros tiveram problemas como avarias no casco, velas rasgando, e até mesmo um que teve que retornar à Recife por causa de um tripulante que estava passando muito mal. No nosso não foi muito diferente, não tivemos problemas com o barco, mas para mim, não foi nada fácil, porque esta foi a minha primeira travessia longa, mais de 300 milhas, e a primeira vez competindo em uma regata.
Ao longo de percurso tivemos que enfrentar alguns pirajás, que são nuvens de chuva concentradas e passageiras, mas que podem causar uma pequena ressaca no mar, mudando também a velocidade do vento para menos ou para mais.
No domingo, a navegação foi mais tranquila e deu para aproveitar mais e apreciar mais as paisagens, quer dizer, o mar aberto. Vimos caravelas grandes passar por nosso barco, um pôr do sol de tirar o fôlego e uma lua cheia mais linda ainda. Durante a noite o veleiro Entre Pólos chegou a nos passar, mas depois do capitão Fabio fazer alguns ajustes nas velas do Planckton nós assumimos a frente novamente. A noite também tínhamos mais noção de quantos veleiros estavam em volta por causa das luzes de navegação.
Depois de mais uma longa noite, com o mar um pouco menos mexido e com ventos mais inconstantes, chegamos à Fernando de Noronha e cruzamos a linha de chegada por volta das 8h50 da manhã, totalizando exatas 44h52min05s de muita emoção!
Também tive o prazer de ver de perto o famoso veleiro Atrevida, que foi o segundo a chegar na classificação geral e o mais premiado da competição, com quatro prêmios. Esta foi a primeira vez que ele participou da Refeno e nos ultrapassou não muito tempo depois de ter largado, provando que as mudanças feitas em 2013 surtiram efeito.
A premiação de todas as classes aconteceu no dia 16 de outubro, no Museu dos Tubarões, em Fernando de Noronha, e na ocasião também foram homenageados o velejador mais velho e o mais novo, a embarcação com mais mulheres, o barco com a tripulação mais velha, o barco que veio de mais longe e mais!
O sucesso da 31ª Refeno
O Comodoro do Cabanga Iate Clube de Pernambuco, Delmiro Gouveia, junto ao presidente do Conselho Deliberativo do clube, Jaime Monteiro, e do comandante Bravo, da Capitania dos Portos de Pernambuco comentaram que o sucesso desta edição da regata se dá devido à diversas mudanças feitas na organização e na divulgação da competição.
Nesta edição, a Refeno sofreu uma alteração na data, indo para o dia 12 de outubro, diferente dos anos anteriores, onde era realizada no último sábado de setembro. Segundo o Comodoro, a mudança proporcionou a todos os velejadores a possibilidade de navegar com a lua cheia. Outro fator marcante da travessia foi a quantidade de vento.
“Quem dita a contingência é a natureza. Fizemos uma largada linda e limpa, sem incidentes. Ao mesmo tempo tem muita velocidade, devido as rajadas de vento. Em certo trecho do mar teve muito vento e depois calmaria. Quem dita a velocidade é o vento”, disse o Comodoro Delmiro Gouveia.
32ª Refeno já tem data marcada
Durante a coletiva de imprensa, que aconteceu no dia 15 de outubro, no Cine Mabuya, em Noronha, o Comodoro também anunciou a data da próxima edição, que acontecerá em 26 de setembro de 2020.
De acordo com Delmiro, as inscrições acontecerão no início do ano e os velejadores devem se inscrever logo, já que haverá um limite de 100 embarcações. Quando questionado sobre esse limite, o Comodoro explica que ele existe para manter a qualidade da competição, a segurança durante a travessia e a limitação de pessoas que desembarcam na ilha de uma vez só.
Confira os premiados da Refeno!
Troféu Fita Azul
– Patoruzú
Prêmio Classe: RGS A
1º – Atrevida
2º – Papa Léguas
3º – Maná
Prêmio Classe: RGS B
1º – Ventania
2º – Charada
3º – Mohabon
Prêmio Classe: RGS C
1º – Risco Zero
2º – Kamaiurá
3º – Vendetta
Prêmio Classe: RGS Geral
1º – Atrevida
2º – Papa Léguas
3º – Maná
Prêmio Classe Catamarã A
1º – Sara Kali 2
2º – Guruçá Cat
3º – Tranquilidade
Prêmio Classe Catamarã B
1º – Algo+
2º – Vorai
Prêmio Classe Catamarã C
1º – Zen
2º – Zagaia
3º – Jahú
Prêmio Trimarã
1º – Patoruzú
2º – A Travessia
Prêmio Classe Aço
1º – Viralata II
2º – Entre Pólos
3º – Pangeia
Prêmio Mocra
1º – Aventureiro 3
2º – Papangu
3º – Brother Rafa
Prêmio Classe Bico-de-Proa A
1º – Zenith
2º – Recreio X
3º – Kaze
Prêmio Classe Bico-de-Proa B
1º – Lamin
2º – Galego
3º – Strega
Prêmio Classe Bico-de-Proa C
1º – Guga Buy e Sem Fim
2º – Tutatis
3º – Matajusi
Prêmio Classe Aberta A
1º – Sagma
2º – Tedesco
3º – Ukiukiu Nui
Prêmio Classe Aberta B
1º – Free Wind
2º – Fox
3º – Wisdom
Prêmio Alumínio
1º – Planckton
2º – Endurance
3º – Asa Branca I
Classe Delta 41
1º – Bolero II
Troféu Tartaruga Marinha
– Caboges
Troféu Maurício Castro
1º – Galego
Troféu Superação
– Pinguim
– Wisdom
Barco a Velho
– Galego
Embarcação com mais mulheres
– Spray
Velejador mais jovem
– Nathan Herman (1 ano) – Barco Asa Branca I
Velejador Mais Velho
– José da Cunha Farias (84 anos) – Barco Ventaneiro 3
Barco de Procedência mais distante
– Fox (Bélgica)