A Copa Vela Master Brasil (VMB) comprovou neste fim de semana (29 e 30/9) na Represa Guarapiranga que a vela é um esporte sem limite de idade. Velejadores de 50, 60, 70 anos ou mais, deram um exemplo de vitalidade ao correrem no sábado três regatas em sequência, válidas pelos campeonatos paulistas de Snipe, Laser (Standard e Radial) e Finn.
A competição com sede no Yacht Club Paulista (YCP) ainda valeu pela 6ª Etapa da Copa VMB de Laser, com suportes de Yacht Club Santo Amaro (YCSA) e Federação de Vela do Estado de São Paulo (Fevesp).
As três regatas foram disputadas com vento de sul a sueste entre 8 e 10 nós. No domingo, primeiro a calmaria e depois a tempestade, impediram que 57 barcos corressem a quarta regata, que completaria o programa. Consideradas as provas da véspera, tornaram-se campeões paulistas: Ricardo Barbosa e Gustavo Queiroz (YCSA) na classe Snipe, Ricardo Santos (YCSA) na Finn, Gustavo Malta (Pajuçara-AL) na Laser Standard e Iago Whately (YCSA) na Laser Radial.
Organizador do evento e criador do Grupo Vela Master Brasil, o velejador da Classe Laser, Manfred Kaufmann Jr. comemorou a iniciativa. “Quase 60 barcos de quatro classes confirmam o potencial da categoria máster. Há muito tempo não víamos tantos barcos dessas classes juntos na raia”. A Copa VMB reuniu velejadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe e Alagoas.
Em contato com os competidores veteranos, após as regatas, Kaufmann obteve retorno positivo e incentivo para desenvolver a categoria. “Os velejadores foram receptivos à oportunidade de competir em igualdade de condições com adversários da mesma faixa etária. O projeto vai crescer”.
O grupo está completando apenas um ano e já se mostra ativo em relação aos eventos que estão sendo criados. A Copa VMB de Laser teve seis etapas em 2018: Recife, Florianópolis, Niterói, Juiz de Fora, Rio de Janeiro e São Paulo. A previsão para 2019 é de oito etapas, incluindo-se Porto Alegre e Brasília. A Classe Laser projeta ainda para o próximo ano, realizar o primeiro Campeonato Brasileiro Master no Rio de Janeiro, devido ao sucesso da etapa carioca em 2018.
Três dias de asfalto antes da água
A Copa (VMB) motivou o velejador Márcio Alves, de Aracaju (SE), a vir para São Paulo. O barco Laser Standard percorreu 2.300 quilômetros sobre a capota da caminhonete em que Márcio viajou ao lado da mãe e da tia. “Fui muito bem recebido e está bem divertido, na água e no clube. Eu não velejava na Guarapiranga a há uns 25 anos. Quero aproveitar também para fazer umas comprinhas no centro da cidade e tomar um banho de civilização na Avenida Paulista”, relatou o velejador sergipano.
Márcio é filiado ao ICAJU – Iate Clube de Aracaju, onde costuma correr regatas regionais. Neste primeiro ano da Copa VMB, também disputou a etapa de Pernambuco, em Maria Farinha. “Espero que a presença maciça na categoria máster, sirva de incentivo aos jovens da Optimist, afinal, eles são o futuro da vela”, desejou Márcio, que começou a velejar de Snipe aos 17 anos, mas apenas há sete meses comprou o Laser. “Quero treinar mais para melhorar meus resultados”.
Diferença de idade e paixão pela vela
Por necessitar de dois tripulantes, a Classe Snipe conta com uma regra específica na Copa VMB: a soma das idades do timoneiro e do proeiro tem de dar no mínimo 80 anos. Frederico Hackerott (67) e Eric Van Deursen (17) formam uma entrosada dupla há três anos, com o compromisso de troca de experiência e aprendizado entre eles.
“Minha missão é transferir para o Eric a vivência que adquiri em 54 anos na vela. Não apenas agindo a bordo, mas discutindo a tática e explicando cada manobra, tanto no acerto quanto no erro”. Também aprendo muito com ele e dependo da evolução dele. Somos uma equipe”, afirmou o “professor” Hackerott.
Na condição de velejador mais jovem entre os participantes da Copa VMB, Van Deursen aproveita ao máximo a oportunidade de aprendizado. “É muito bom ver que é possível seguir velejando em alto nível até idades bem avançadas. Velejar com o Fred é uma aula a cada regata. Aprendo sobre tática, manobras e regulagem do barco”, enalteceu o dedicado aluno.
A Finn apresentou acirrada disputa entre os sete experientes velejadores da classe caracterizada pela exigência física, devido à escora no contravento e ao free pumping (balançar o barco) no popa. “A classe está crescendo. São 40 barcos no país e queremos trazer cerca de 30 para o Campeonato Brasileiro no Carnaval de 2019, aqui mesmo na Guarapiranga. Nas três regatas, com vento em torno de dez nós, tivemos competitividade e alternância”, analisou o velejador Pedro Lodovici.
Aprovação de campeão mundial
A Copa VMB contou com o prestígio de Jorge Zarif, velejador olímpico e campeão mundial da Classe Finn. Associado ao YCP, Jorginho incentivou os veteranos da vela. “Ver esses velejadores da categoria máster na Guarapiranga é gratificante. Na Europa, os mundiais de máster chegam a reunir 350 barcos. O projeto Vela Master Brasil é muito bacana e pode contar com meu apoio”.
Copa Vela Master Brasil (Campeonato Paulista)
Classe Snipe
1 – Ricardo Barbosa e Gustavo Queiroz (YCSA)
2 – Federico Hackerott e Eric Van Deursen (YCP)
3 – Marcos Val e Alejandro Olio (YCP)
Classe Laser Standard
1 – Gustavo Malta (Iate Clube Pajuçara – AL)
2 – Ricardo Scheible (Clube de Campo Castelo)
3 – Carlos Eduardo Wanderley (YCSA)
Classe Laser Radial
1 – Iago Whately (YCSA)
2 – Naltor Coelho (Iate Clube de Santa Catarina)
3 – Cristiano Fuchs (YCSA)
Classe Finn
1 – Ricardo Santos (YCSA)
2 – Luis Mosquera (Iate Clube do Rio de Janeiro)
3 – Cristiano Ruschmann (YCP)