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Lars Grael é personagem emblemático da Regata Santos-Rio

Lars Grael, medalhista olímpico e campeão mundial, é um carismático velejador e personagem emblemático da tradicional regata oceânica Santos-Rio, a competição legendária da vela oceânica brasileira, que recebe anualmente os ícones da modalidade. Grael é um dos mais assíduos participantes ao longo das últimas décadas.

Dono de duas medalhas olímpicas de bronze na Classe Tornado (Seul, 1988 e Atlanta, 1996), Lars conquistou dois mundiais nas classes Snipe e Star, além de vários outros títulos entre Bacardi Cup, Campeonatos Brasileiros e Sul-Americanos. Pelas recordações e registros, ele contabilizará 20 participações na Santos-Rio neste ano. Em 2020, na 70ª Edição, completou 40 anos de regata.

“A Santos-Rio é a mais tradicional e, provavelmente, a mais importante regata oceânica do Brasil. São 200 milhas que oferecem muitos desafios para se navegar, com opções táticas e variações dos ventos. Por isso é uma conquista sempre muito celebrada”, avaliou Lars, que correu a prova pela primeira vez em 1981, a convite do comandante Paolo Pirani no one tonner Mohay, da regra IOR.

O velejador relembrou como estava ansioso em sua estreia. “Eu estava muito nervoso em meio a uma regata que foi muito concorrida. Felizmente optamos por uma tática que deu certo. Ficamos em segundo na classificação geral, atrás apenas do lendário Madrugada, e vencemos a Classe 3, como se chamava na época. A primeira vez foi muito marcante.”

Entre a primeira regata e a mais recente, a 70ª Edição, em 2020, Lars comemorou 40 anos de Santos-Rio, no comando do IMX 40 Avohay. “Foi das edições mais duras entre as que corri. O evento foi muito bem organizado, com recorde de inscritos (68 barcos), porém, entrou uma ‘lestada’ muita dura e as condições se tornaram extremamente árduas. Espero que neste ano não se repita” desejou Lars.

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Aline Bassi / Balaio de Ideias

Entre frentes frias que aceleram as embarcações, “lestadas” que dificultam a navegação e falta de vento que que transforma a regata em uma prova de paciência, Lars se recordou de 1983. “Enfrentamos uma grande calmaria em uma das mais longas regatas. Chegamos ao Rio de Janeiro apenas no início da noite de segunda-feira a bordo do half tonner Carmem, um Fast 303”.

Apesar da calmaria, a edição teve um apelo especial. “Esse ano foi marcante porque o Circuito Rio era o evento preliminar do Campeonato Mundial de Vela Oceânica One Tonner, a One Tonner Cup. Vieram barcos de vários países, a Santos-Rio se internacionalizou e se tornou muito cobiçada. Ficamos em segundo na classificação geral, perdemos para o barco-irmão Surfer II, que tinha no leme o velejador olímpico Guga Zarif”.

Em 1995, Lars Grael comandou seu barco H3+, um Farr 31 tradicional nas regatas do Rio de Janeiro, Búzios e Ilhabela. “O H3+ era um barco planador e pegamos uma ventania de sul. Conseguimos manter a vela balão de Ilhabela até a Restinga da Marambaia, o que permitiu excelente performance, mesmo com as avarias que fomos acumulando no percurso”, recorda o medalhista olímpico.

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Carlo Borlenghi / SSL

O vento sul de forte intensidade provocou quebras, planadas e recordes neste ano. “Foi nessa Santos-Rio que meu irmão Torben fez a fita azul com o Polibrasil, um Farr 42, estabelecendo o recorde da regata até o momento, mas nós fomos os vencedores no tempo corrigido. Ganhar a Santos-Rio planando com um barco de 31 pés para completar a prova em menos de 24 horas foi marcante. Não tem como esquecer.”

Torben quebrou o recorde de 22 anos estabelecido pelo Wa-Wa-Wa-Too III, de Fernando Nabuco, em 1973. O anterior pertencia ao Vendaval, de Fernando Pimentel, desde a primeira Santos-Rio. Na 65ª Edição, os gaúchos do Camiranga, um Soto 65, completaram a prova em 18h09m, suerando as 19h33 do Sorsa III para estabelecer o atual recorde da regata.

Neste ano, o campeão mundial espera que todas as classes se unam na Santos-Rio em favor da harmonia e da evolução da vela oceânica brasileira. “A expectativa é de que a regata seja prestigiada por velejadores de todas as classes, VPRS, ORC, RGS, Bico de Proa. O que importa é valorizarmos o que nos une, a paixão pela vela de oceano.”

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